Um dia, Helena achou que poderia ser feliz. Liberta finalmente do casamento que a sufocava, arrumando seu cantinho com os filhos, ela sorria para a vida. Sorria, trabalhava, dedicava-se. Enquanto ela lutava com amor e boa vontade, o mal a combatia sem trégua. Nas trevas em que vivem, invejosos buscavam destruí-la. E Helena tinha a ilusão de pensar que a vida sorria para ela, também.
O Tempo passou e as tempestades se sucederam. A maldade, o orgulho, a ambição, o mau caráter dos que a cercavam, a atingiram. Seu lar, suas relações, tudo se deteriorou diante dos seus olhos, atingindo seu espírito e coração. Poucas mãos estendidas, choques e perdas, perdas e rupturas.
Helena me conta suas histórias olhando o horizonte. Confessa que por vezes tem-se questionado se vale a pena continuar. Observa os posts na internet ,que lhe dizem que deve crer. Mas hoje chegou a uma triste conclusão: o sofrimento a fez perder a fé. Helena não enxerga recompensa, vê os amores frustrados, se vê alvo de preconceito, frieza e egoísmo. Nada que lhe tenham dito tem funcionado. Helena quer o direito ao amor e à paz. Sua vida tem sido só de luta, com poucas recompensas afetivas.
Por vezes recorda a moça jovem que desistiu de tudo na UERJ. Estendida no chão, braço direito levantado, parecia fazer um último apelo. Mas aquela sim, não tem mais chance. Encontrou o irremediável.
Fé. Palavra pequena, etc. Helena quer não amar mais em vão. Quer não chorar de madrugada diante da tela do computador. Quer ter amigos sinceros. Quer casar-se novamente. Quer viver muito. Helena quer praticar sua arte. Mas só consegue ver que tudo vai ser conseguido pelo seu próprio esforço e dedicação, enorme a energia dispendida, pequeno o resultado. Pouco crê eme um deus para ajudá-la. Sente-se traída pelo presente. Cumpriu com seus deveres, construiu família e carreira.
Hoje, não lhe resta nem ao menos a fé.
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