Participativa!!!

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sábado, 9 de novembro de 2013

Ela apareceu em um baile...



Não era de se estranhar, pois a beleza da canção conquista. O ritmo, seguido por passos de bolero. Mas ali, no meio de um baile, a jovem impactou com sua chegada. Entrou de repente nos meus ouvidos, mexeu, incomodou. Sofrida, estuprada para a tomada de sua cidade , violentada tendo como desculpas sua etnia e a guerra, a jovem de Sarajevo não aguardava nem queria um par: contrariava a regra e bailava sozinha no meio da pista. Suas roupas, rasgadas, sujas de sangue, manchadas pela violência de uma guerra civil, seu corpo marcado pela perda completa de limites na ambição masculina. Ela girava. Maltratada e sem rumo, seguia rodopiando, contagiando cada vez mais a minha emoção com sua figura exausta, cuja alma desesperada nem permitia que o corpo manifestasse mais emoção. Sua beleza ainda se esconde para fugir da violência. Naquele momento, o tempo parou para relembrar sua dor. Por você, jovem mulher na guerra da Bósnia, todo meu respeito apareceu mais forte. Dançamos juntas, Miss Sarajevo.

O texto acima foi escrito para expressar a emoção sentido diante do paradoxo, quando escutei tocar a canção Miss Sarajevo em um baile de dança de salão.

Infelizmente, segundo a Anistia Internacional, os crimes de estupro cometidos na guerra da Bósnia -que terminou em 1995 - nunca foram punidos, nem o Estado forneceu nenhum tipo de amparo financeiro ou prioridade em apoio à saúde daquelas mulheres.  

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